Com equipe especializada de engenheiros, a Fórmula Vee segue as principais categorias
do automobilismo para desenvolver pilotos e aprimorar seus carros.
Texto e fotos desta matéria: Fernando Santos
Quando o primeiro carro da Fórmula Vee foi criado pelo americano Hubert Brundage entre 1958 e 1959, o objetivo era ter um equipamento de baixo custo, competitivo e que destacasse a qualidade dos pilotos. Passados 60 anos da criação da categoria mais popular do automobilismo mundial, a FVee Brasil mantém esses princípios básicos, com um salto de tecnologia: a análise de dados, seguindo os conceitos utilizados pelas principais equipes no país e no mundo.
Os pilotos que participam de todas as competições da Fórmula Vee têm à disposição um completo scout técnico, com dados sobre o rendimento do carro e do seu desempenho na pista. Não há custo extra e já está incluído no pacote para a disputa do Campeonato Paulista, da Copa ECPA e da FVee Open, o novo campeonato exclusivo para iniciantes.
O engenheiro Túlio Balzi Rodrigues mostra aos pilotos os parâmetros ideais da pista do Velocitta, em Mogi Guaçu, para prova do Campeonato Paulista.
(Crédito da imagem: Fernando Santos/Divulgação FVee)
“A análise de dados mostra como o piloto se comporta na pista e, principalmente, como ele pode melhorar”, afirma Kleber Rocha, chefe da equipe técnica da Fórmula Vee. “Além disso, os dados apresentam um raio-x completo do rendimento do carro, com informações indispensáveis para corrigir eventuais problemas.”
No automobilismo, nada é mais comum do que o piloto apontar problemas no carro após não render bem na pista. “A palavra do piloto sempre é importante, mas pode ser um pouco subjetiva e não descrever o real problema. Com a análise de dados, recebo informações precisas sobre como foi a pilotagem e o rendimento do carro. Com isso, é possível ter uma posição clara do real problema, se foi com o piloto ou o carro”, diz Kleber Rocha.
O engenheiro Vinícius Oliveira Souza faz análise dos dados do piloto paraense Augusto Santin, bicampeão paulista Máster.
(Crédito da imagem: Fernando Santos/Divulgação FVee)
Uma F1 simplificada
A FVee utiliza um monitoramento que é referência nas principais categorias do automobilismo. “Não é exagero dizer que temos uma análise muito parecida como faz, por exemplo, a Fórmula 1. A diferença é quantidade de dados. Mas na prática, é o mesmo sistema”, afirma Túlio Balzi Rodrigues, que faz parte da equipe de três engenheiros ao lado de Cristiane Aparecida Ribeiro e Vinícius Oliveira Souza.
Os técnicos recebem informações como o rendimento do motor em cada parte da pista e dados de pressão, temperatura, além de apontar onde o piloto freou e acelerou. “Basicamente, chamamos os pilotos para mostrar a eles se o carro está respondendo bem e se eles estão pilotando dentro dos parâmetros, como frear e acelerar na hora acerta, além de fazer o traçado correto”, diz Vinícius Souza.
O trabalho da equipe de análise de dados criou recentemente um estudo comparativo de avaliação: todos os carros passaram pelo dinamômetro, que apontou uma diferença de apenas 3 cv entre eles, de 113.8 a 116.9, que representa 2,7%.
O engenheiro Vinícius Oliveira Souza faz análise dos dados do piloto Laurent Guerinaud, bicampeão paulista.
(Crédito da imagem: Fernando Santos/Divulgação FVee)
O estudo mostrou também a queda de rendimento do carro em relação ao peso do piloto e até que ponto a potência de cada motor pode se tornar um diferencial. “Para que ocorra uma diferença considerável, é preciso ter uma variação entre 10 a 20 cavalos de força. E nos carros atuais não chega a três”, explica o engenheiro Vinícius Souza.
Para comprovar o rendimento equiparado dos carros, a FVee convidou recentemente o piloto Matheus Iorio para testar cada um. Campeão brasileiro de F3 e rookie do ano na Stock Light, Iorio conduziu na pista do Velocitta, em Mogi Guaçu, um dia antes da segunda etapa do Campeonato Paulista, no início de março. O resultado não surpreendeu.
“Os carros giraram com uma diferença mínima de 1% no tempo, sempre na casa de 1 minuto e 48 segundos ou 47 segundos. Fizemos um gráfico para apresentar aos pilotos, e as linhas estavam rigorosamente sobrepostas. Isso mostra como os carros são preparados e entregues o mais equiparados possível, e quem faz a diferença é mesmo o piloto”, afirma a engenheira Cristiane Aparecida, seguindo um dos princípios básicos da categoria desde os tempos do piloto e empresário americano Hubert Brundage.
À esquerda, o instrutor Édson Kilha orienta o piloto Lucas Veloso com base na análise de dados e vídeos com o traçado da pista do Velocitta, em Mogi Guaçu.
Na sequência, O chefe da equipe técnica da FVee, Kléber Rocha (ao centro, de camisa vermelha), com a equipe de engenheiros:
a partir da esquerda, Túlio Balzi Rodrigues, Cristiane Aparecida Ribeiro e Vinícius Oliveira Souza.
(Crédito da imagem: Fernando Santos/Divulgação FVee)
Prevenção contra quebras e evolução dos pilotos
A análise de dados não ajuda apenas a melhorar a pilotagem. É também uma ferramenta indispensável para os mecânicos no trabalho de revisão e preparação dos carros. “Hoje em dia, já podemos prever problemas que poderão acontecer, e com isso nos antecipamos, evitando quebras e garantindo que o piloto terá um equipamento confiável”, afirma o chefe da equipe, Kléber Rocha. “É com base nesses dados, junto com a avaliação dos pilotos, que tomamos as decisões, como uma troca de câmbio ou de motor, por exemplo.”
À esquerda, o chefe da equipe técnica, Kléber Rocha faz reunião com os profissionais da FVee no Velocitta, para a etapa do Campeonato Paulista.
Na sequência, o piloto profissional Matheus Iorio orienta o piloto da FVee Saulo Soares (à esq.), junto com o instrutor Édson Kilha.
(Crédito da imagem: Fernando Santos/Divulgação FVee)
Além dos três engenheiros e do chefe da equipe, a FVee conta com mais 13 profissionais no trabalho de revisão, preparação e apoio durante as competições. “Nosso objetivo é oferecer o melhor carro possível, com um ótimo custo-benefício para que o piloto tenha a oportunidade de competir em condições de igualdade, não importando a idade ou a experiência. Como sempre aconteceu na história da categoria, a intenção é valorizar o piloto e ajudá-lo a evoluir no automobilismo”, afirma Flávio Menezes, diretor da FVee.
Segundo Menezes, a análise de dados foi implantada para dar aos pilotos os parâmetros necessários para o seu desenvolvimento. “A FVee sempre foi uma categoria de base ou, como é chamada, uma categoria-escola. E agora estamos oferecendo ferramentas com dados claros e objetivos para que eles cresçam como pilotos e possam inclusive ter um handcap importante quando passarem a competir em outras categorias.”
O instrutor Édson Kilha apresenta aos pilotos novatos da FVee Open os parâmetros para competir na pista do ECPA, em Piracicaba.
(Crédito da imagem: Fernando Santos/Divulgação FVee)
Análise dos competidores
Augusto Santin, bicampeão paulista Máster (2020-2021) e campeão da Copa ECPA (2020)
“Hoje, com esta análise de dados, estamos preparados para andar não só na Fórmula Vee, mas em qualquer outra categoria. Este é um apoio muito moderno, que existe nas grandes categorias e atende ao desejo do piloto, que é sempre buscar a excelência, ser mais rápido e preciso na pista, atingir o seu melhor. É muito importante usar os dados, os seus comparativos, analisar volta a volta em busca da perfeição. Mesmo eu que já ando há um bom tempo em Interlagos, sempre tenho algo a melhorar, a evoluir, quando a gente precisa tirar um coelho da cartola. E não vejo isso em outras categorias similares, trata-se de um diferencial muito importante da FVee e fundamental para o desenvolvimento do piloto.”
Bruno Caravaggi, participante do 1º FVee Open
“O sistema de análise de dados da FVee mede com muita precisão algumas coisas como carga mecânica, aerodinâmica, aceleração, deslocamento, entrada de curva. É um mecanismo extremamente técnico, onde conseguimos saber a intensidade das forças em cada ponto do carro, em cada curva. Com isso, conseguimos aprimorar cada vez mais, volta após volta, as nossas técnicas de pilotagem. É ainda uma espécie de “dedo duro” quando o piloto reclama de alguma coisa no carro, mas logo os engenheiros apresentam os dados para apontar o verdadeiro problema. Sem isso, é como se estivéssemos correndo há 60 ou 70 anos atrás. Tudo isso ajuda a tornar as condições mais previsíveis, apesar de não ser algo 100% exato em razão do grande número de variáveis. Mas é uma maneira de você medir sua evolução, o que ajuda principalmente os pilotos que estão começando e faz parte do processo de aprendizagem.”
Daniel Rienda, terceiro colocado no Campeonato Paulista Máster 2021
“Este trabalho de análise de dados é extremamente útil, pois nos ajuda a identificar trechos da pista onde podemos melhorar a nossa pilotagem, fazendo com que possamos tirar o melhor proveito do carro.”
Laurent Guerinaud, bicampeão paulista (2020-2021)
“É um serviço que nos ajuda a evoluir mais rapidamente, em busca da volta ideal. Os dados mostram aonde nós deveríamos frear e acelerar, apontando os erros mais comuns. É algo que muitas vezes não percebemos e deixamos passar quando estamos na pista, mas em seguida somos orientados pelos engenheiros com os dados no computador. Mas é importante levar em conta também a opinião do piloto, para entender e identificar o problema, se é dele ou do carro. E com os dados, comparar com a volta ideal. Isso é importante principalmente para quem está começando, quem não tem muitas referências e precisa de todo o apoio possível.”
Lucas Veloso, dois segundos lugares na temporada 2022
“A análise de dados tem sido essencial para a minha evolução, principalmente por ter vindo do kart e não conhecer muito sobre o carro. Isso me ajuda muito a identificar alguns pontos que eu preciso melhorar no traçado e tirar o melhor rendimento do carro.”
À esquerda, os dados fornecidos pelo sistema de análise de dados da Fórmula Vee incluem pontos de aceleração, frenagem e tomada de curvas.
Na sequência, gráfico de análise o desempenho de piloto em relação à volta ideal feita pelo computador em Interlagos.
À esquerda, gráfico comparativo de desempenho dos carros, com variação de cavalos de força em cada trecho da pista.
Na sequência, a análise de desempenho do carro em relação ao peso do piloto.
Venha correr de FVee!
Para saber como competir no Campeonato Paulista de Fórmula Vee e na Copa ECPA, em Piracicaba, além da FVee Open (exclusiva para iniciantes), e também realizar Treinos, Drive Day e Aulas de Pilotagem, escreva para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.